Devido a sua grande importância em nosso mundo atual, como havia escrito em meu último artigo, continuarei falando sobre a vida com sentido, a vida plena, aquela que pode permitir uma felicidade duradora e real.
A globalização trouxe diversos impactos sobre a vida humana, alguns positivos e outros nem tanto. Mas de forma geral o ritmo de vida atual tem se mostrado bem intenso, e para que consigamos cumprir com todos os nossos compromissos entramos no piloto automático. Entrar nele pode ser nossa salvação em muitos momentos, mas ficar no automático por muito tempo pode levar nossa vida a assumir uma direção que não tem sentido para nós. Por isso, é extremamente importante que consigamos transpor esse abismo entre viver uma vida moderna e viver uma vida com sentido.
Ajudar as pessoas a fazerem isso é o objetivo da pesquisadora Emily Smith, como revela em seu livro O poder do sentido. Analisando o tema do sentido, ela encontrou quatro aspectos sempre comuns em pessoas que consideram viver uma vida plena, são eles: pertencimento, propósito, narrativa e transcendência.
O pertencimento segundo Emily é a necessidade do ser humano de se sentir compreendido, reconhecido e confortável por amigos, parentes e companheiros. Todos necessitam dar e receber afeto e se acharem em uma tribo. Pertencer a um grupo significa manter relações baseadas no carinho mútuo, onde todos se sentem valorizados e amados. E ter interações frequentes e prazerosas com seus integrantes. (No próximo artigo, falarei mais sobre os desafios encontrados a respeito desse pilar na nossa era virtual, chamada inclusive de era do isolamento social.)
O segundo pilar, o propósito, pode soar grandioso como acabar com a fome no mundo. No entanto, como a autora mostra, não precisa ser, as pessoas podem encontrar um propósito sendo um bom pai, em criar um bom ambiente de trabalho ou tornar a vida de um animal mais prazerosa. O psicólogo William Damon acredita que o propósito tem duas dimensões relevantes:
Primeiramente, o propósito é uma meta “estável e de longo alcance”, algo que a pessoa esteja sempre trabalhando, diferente de metas imediatas como lavar a louça ou ir à academia.
Em segundo lugar, o propósito envolve uma contribuição ao mundo, ou seja, o desejo de fazer diferença no mundo, de contribuir com questões para além de si mesmo. Pode ser tanto em escala maior como ajudar na promoção de direitos humanos, quanto em escala menor, como ajudar a cuidar dos irmãos, por exemplo.
Outro aspecto que compõe uma vida plena de sentido é a forma de se contar a sua história de vida, a narrativa. A “identidade narrativa” seria essa história internalizada que cada pessoa cria sobre si mesma, uma espécie de mitologia pessoal e que dá significado a própria vida. Essa história tende a enfatizar os fatos mais extraordinários das experiências vividas, sejam boas ou ruins. Para Victor Frankl até o sofrimento deve carregar um sentido, uma vez, que mesmo não se podendo mudar o cenário de sofrimento é possível escolher uma atitude frente a ele. Assim, essa narrativa permite que o indivíduo trace identidade positiva para si, a partir do controle de sua vida, do sentimento de ser amado, de progredir ao longo da vida e de super seus obstáculos.
Por fim, temos o pilar da transcendência. A palavra “transcender” significa “ir além” ou “superar’. Ou seja, uma experiência transcendental é aquela em que se sente ir para além do mundo cotidiano, vivenciando uma realidade acima. Para o psicólogo David Yaden duas coisas acontecem em estados transcendentais:
A primeira é a que o senso de identidade própria para de existir assim como as preocupações e desejos mais triviais.
E em segundo lugar sente-se uma ligação profunda com os outros seres e com tudo que existe no mundo.
Como resultado dessa experiência, as angustias em relação a existência e a morte param de existir, e a vida por instantes passa a fazer sentido, trazendo a sensação de paz e bem-estar.
Podemos perceber, algo em comum dos quatro pilares, o movimento constante de estar sempre se relacionando de dentro para fora de si. Ter uma experiência de se viver pleno de sentido pedi um movimento interno de se conhecer e se aceitar de forma coerente, um externo de se relacionar bem e poder servir ao outro, e que por fim possibilita uma conexão profunda que vai muito além de um ser, conecta-o com o todo trazendo paz e sentido para si e a existência humana.
Se gostou ou conhece alguém que está precisando se sentir mais pleno compartilhe. Uma vida de sentido não está longe de ninguém!
Por Ana Melo Dias
Psicóloga, Personal e Professional Coach
Coach de Propósito de Vida
Especialista em Psicologia Positiva
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