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  • Foto do escritorAna Melo Dias

5 mudanças no desenvolvimento de carreira que todo profissional precisa conhecer


Faz algum tempo que paramos de ouvir sobre psicologia vocacional, não é mesmo? Temo menos contato com aquele profissional dos nossos tempos de ensino médio que nos ajudaram usando, principalmente, testes vocacionais básicos e que nos encaminharam para as áreas de exatas, saúde ou humanas.


O que ocorre é que há alguns anos se instituiu uma “crise” nas áreas da psicologia vocacional, orientação e aconselhamento de carreira no que diz respeito aos modelos e teorias que impulsionaram a ideia de desenvolvimento de carreira nessas disciplinas. E não por coincidência surgiu um campo a ser ocupado por outros profissionais e ferramentas.


Essa crise se instala em função de mudanças dramáticas na estrutura da força de trabalho no fim do século XX e início do século XXI. Quando se começa a observar, em crescente constância, a falta de estabilidade de uma economia globalizada.


Em nossos “tempos líquidos” - uma expressão que nos ajuda a entender a maior fluidez daquilo que outrora já foi rígido, estático – foram demandadas reformulações dos campos que trabalham com desenvolvimento de carreira. Logo, o profissional que atua de alguma forma no campo vocacional, assim como o cliente que o busca, precisam entender as mudanças que ocorreram nesse campo.


Primeiramente, torna-se cada vez mais comum adultos procurarem o serviço vocacional e/ou de desenvolvimento de carreira, consultoria e reorientação profissional. Pois diferentemente de outras décadas, a carreira também se encontra “líquida” e não mais estática.


De acordo com o cientista do comportamento Mark Savickas, acredita-se que um profissional que se inseriu no mercado de trabalho por volta dos anos de 2009 deve esperar ocupar pelo menos 10 empregos/ carreiras ao longo de sua vida e não mais um único cargo seguro inicial, sendo provável que esse número aumente à medida que a tecnologia avance.

Além disso, de acordo com a pesquisa da Dell Technologies juntamente com o IFTF (Institute For The Future), estima-se que 85% dos trabalhos que existirão em 2030 serão novos. Isso não significa que as carreiras atuais serão extintas, mas, provavelmente, sofrerão transformações, e a parceria entre ser humano e tecnologia será o vetor dessas mudanças.


Portanto, é importante entender carreira de uma forma ampla e cada vez mais integrada ao contexto e as nossas vidas. Savickas acrescenta: “O novo mercado de trabalho em uma economia instável exige ver a carreira não como um compromisso vitalício com um empregador”. A tendência é que o trabalhador se torne um empreendedor de si, e “venda” serviços e habilidades para uma série de empregadores que precisam de projetos concluídos.

Tais modificações pedem da área de desenvolvimento de carreiras pelo menos 5 grandes mudanças de posturas, cinco mudanças de paradigmas, os quais são importantes de serem conhecidos para o alinhamento de expectativas de quem atua na área e de quem demanda o próprio desenvolvimento de carreira:

  1. O foco do trabalho com profissionais deixa de ser em traços de personalidade, deslocando-se para uma importância maior no contexto. Assim, o que será mais relevante é a história de vida dos indivíduos e o contexto sociocultural que ocupa(va)m.

  2. Se deixa o estilo de prescrição do consultor em carreiras (conhecimento verticalizado) e se trabalha a construção de processo. Isso significa que o profissional não irá proporcionar um “diagnóstico” do que fazer, e sim focará no como fazer.

  3. Muda, também, da causalidade linear para as dinâmicas não lineares. Na prática, isso significa que "os interesses e aptidões não são suficientes para garantir o sucesso num emprego ou formação, uma vez que não se podem considerá-los como elementos de vida permanentes”. Logo, “os métodos ou a metodologia de aconselhamento devem adotar estratégias de resolução de problemas em contato direto com o contexto sociocultural que os indivíduos ocupam, devendo ser um processo repetido de forma interativa a fim de se formular soluções sustentáveis e satisfatórias”.

  4. Desloca-se a ênfase total nos fatos científicos isolados e se passa a dar maior relevância às narrativas pessoais. O que se baseia no construtivismo dialético, onde o foco não é em dados, mas na contínua (re)construção dos indivíduos, estruturadas em suas histórias autobiográficas que constroem sentido e capacita-os a construir uma nova visão sobre si mesmos.

  5. Por fim, o último deslocamento é o da descrição para a modelagem. Esse pressuposto propõe que é necessário processos de “aconselhamento/ consultoria” adaptados a cada indivíduo, evitando os processos de aconselhamento padronizados.


O desenvolvimento de carreira passa a considerar de suma importância: o contexto sociocultural, a história de vida, a personalização de trabalho junto da demanda do mercado. Tendo como pano de fundo a fluidez e a integração da carreira junto das necessidades e desejos de vida, e não mais o inverso.


Tais mudanças podem até soarem angustiante por um lado, se pensarmos em mudar profissionalmente tantas vezes, porém a fluidez é um caminho muito mais natural do que o permanecer estático, basta o olhar para o nosso em torno. Além disso, somos profissionais que estamos nos fortalecendo a cada dia, exercendo e treinando nosso poder de decisão de forma muito acentuada diariamente, já nos reinventamos algumas vezes e estamos aprendendo a nos conhecer, a perceber nosso valor, nossas habilidade e onde somos úteis a cada novo projeto. Buscamos mais liberdade, mais flexibilidade e horizontalidade nas relações, mesmo lidando com a instabilidade.


Também, temos acesso a tecnologias que nos ajudam e deixam a vida mais confortável. Ou seja, pode até não parecer, mas fomos do “orelhão” ao Iphone em pouco tempo, ou seja, somos mais flexíveis e fluidos do que imaginamos. Do lado de cá, enquanto profissional da área de desenvolvimento de carreira e vida temos mais informações à nossa disposição, mais ferramentas e uma vontade ainda maior de contribuir para a resolução de problemas e o bem-estar de quem nos procura diante dessas mudanças.


Autora: Ana Melo Dias


Psicóloga, psicoterapeuta, mestre em psicossociologia, coach e life designer. Escuta,

acolhe e atua sobre questões pessoais e profissionais, com um olhar integral/holístico, de forma a identificar as fontes de segurança e promover, com teorias e técnicas, a autoempatia e autoconfiança para alcançar a realização de vida com toda sua potência, coragem e talento.


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