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  • Foto do escritorAna Melo Dias

Síndrome cara-crachá: você não se resume a uma profissão - parte 3/3


Quem você quer ser quando crescer? Uma pergunta que nos acompanha desde a infância. E a resposta esperada é o nome de uma profissão. O estranho dessa frase é a expectativa de uma resposta que reduz uma identidade a uma profissão. Brinco que isso é a “síndrome cara-crachá”, a última parte das três reflexões da série sobre insatisfação no trabalho. Ou seja, um certo traço da nossa cultura de resumir toda uma existência complexa e cheia de histórias a uma função em um cartão, com uma foto, normalmente, horrível.

Mas será que nossa profissão nos define? Com toda certeza nosso trabalho tem um grande papel na nossa vida, é lá que passamos a grande parte das nossas vidas adultas. Quando a profissão nos traz segurança, mantem nosso status e faz referência a nossos talentos, ser reconhecidos pela profissão é reconfortante e nos traz alegria. Porém e se decidimos mudar os rumos profissionais? Ou ficamos desempregados? Ou detestamos nossos trabalhos? E quando nos aposentamos?

Há vida sem uma profissão? Não sei, mas deveria haver. Cumprimos muitos papéis ao longo da vida: somos crianças, filho/as, irmã/os, pais, mães, amigo/as, vizinho/as, amantes, aluno/as, pacientes, clientes, primo/as, tio/as, etc. Há papéis com mais e menos relevância, mas todos eles fazem partem de nossa história em algum momento. Será que é preciso se apegar ao nome de uma profissão ou função? Hoje ela pode fazer sentido e amanhã não mais. Todos os especialistas em carreiras já nos avisaram que muitas profissões vão sumir nos próximos anos, se você for só uma profissão, você some junto? Ou é muito mais e se reinventa sempre que for preciso?

A questão principal é deixarmos que toda felicidade e sucesso sejam medidos a partir do que nos tornamos profissionalmente. Será que isso é justo? Será que não contam as batalhas diárias? Será que não contam as amizades que construímos? O tipo de relacionamento que temos com as pessoas? As coisas que fazemos em casa, quando ninguém está vendo? Ou seja, será que a gente não tende a resumir nossa trajetória de vida, a nossa trajetória profissional? E se sim, será que isso é saudável?

Eu encontro pessoas insatisfeitas e sofrendo devido a vida profissional, justamente, muitas vezes, porque a métrica do quanto elas valem está representado em currículo. Hoje em dia no Linked-In ou no Lattes. E quando não há currículo bom o suficiente? Passam a valer menos? Claro que não, mas sentimos que sim, não é? Não porque queremos, mas por uma cultura que tende a nos moldar, lá na infância, com aquela primeira pergunta.

E por isso precisamos ampliar a nossa percepção, para ver que a profissão pode ser muito importante, ou pode ser que minha vida vá muito além disso, e mais, que existem outras áreas da vida que são tão ricas e importantes que a área da profissão se torna uma entre várias partes da nossa história.

Hoje lhe pergunto, quem você é depois que cresceu? Não se deixe resumir por uma palavra. Vá além do óbvio, amplie sua percepção.

Recomendações:

Ana Melo Dias

Psicóloga, Personal e Professional Coach

Coach de Propósito de Vida e Crise dos 30

Especialista em Psicologia Positiva 

Mestranda em Ecologia Social pela UFRJ

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