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  • Ana Dias

Uma transição de sucesso: da vida corporativa para a docência


Ele é engenheiro, doutor, professor, pesquisador, consultor, pai de três filhos e marido exemplar. Filho caçula de cinco irmãos, casou-se aos 19 anos e sempre apostou na educação para conquistar seus sonhos.

Morador da cidade de Itaúna, interior de Minas Gerias, José Felipe Dias aos 27 anos, decidiu largar o emprego corporativo como engenheiro para se inserir na vida acadêmica, se hoje seria considerado maluco, na época, as visões da carreira acadêmica eram ainda piores.

Nessa entrevista, para lá de especial, José Felipe divide com a gente um pouco da sua trajetória e seus momentos de decisão, finalizando com dicas para quem não está na melhor fase com a vida profissional.

A trajetória...

Tudo começou no final da sétima série, do ensino médio, quando decidiu fazer um curso de aprendizagem no SENAI. Sabia que a família não conseguiria pagar um curso universitário para ele. O ensino técnico daria condição de trabalhar e custear seus estudos.

José Felipe conta que os cursos extras para além do ensino fundamental e médio foram decisivos em sua carreira. Então, aprovado no processo de seleção para Torneiro Mecânico, ele diz que o curso confirmou a vocação e gosto pela mecânica, pela docência e pesquisa. Para ele o curso, embora utilizando a linha tecnicista, adotava uma metodologia onde o aluno poderia desenvolver o curso no seu ritmo e capacidade. O curso realizado no SENAI disciplinou sem doutrinar.

Durante 2 anos, estudou de manhã, tarde e noite. E no sábado ajudava seu irmão em sua Mercearia, pois ele pagava seu colégio. Ao final do terceiro ano, ele prestou vestibular para Educação Física e Engenharia Mecânica.

“Intuitivamente sempre tive vocação para as duas áreas, que atualmente desenvolvo . Fui aprovado em ambos os cursos, mas optei pela Engenharia Mecânica por razões financeiras e pela influência do curso realizado no SENAI.”

Como o curso era diurno, ele pôde fazer estágio desde o 4º período. Terminado o tempo de estágio, foi contratado como desenhista-projetista.

“Este período na empresa foi impactante na minha formação e no aproveitamento do curso de graduação. Simultaneamente lecionava física para o 2º grau em curso noturno e substituindo professor da rede pública.”

José Felipe terminou a graduação no final de 1983, mas devido às condições econômicas do Brasil, permaneceu na empresa como desenhista projetista até outubro de 1984.

No final do mesmo ano, foi selecionado como trainee para o cargo de engenheiro de uma aciaria em Itaúna. Foi contratado em fevereiro de 1985 e foi nessa empresa que José Felipe conta ter descoberto que sua verdadeira vocação era a pesquisa e a docência. Mesmo casado e com filho de menos de um ano de idade pediu demissão em janeiro de 1986 para iniciar o mestrado em Engenharia Metalúrgica e de Minas na UFMG.

Terminados os créditos do mestrado em 1987, foi contratado pela Universidade Itaúna para lecionar duas disciplinas na Faculdade de Engenharia, onde permanece até hoje. E antes mesmo da conclusão também foi contratado pelo Centro Tecnológico de Fundição (CETEF –SENAI) para desenvolver atividades de pesquisa, ensino, assistência e assessoria às empresas da região. Aos 29 anos, ele conclui o mestrado, trabalhando na Universidade de Itaúna e no CETEF-SENAI.

No final de 2000, aos 41 anos, José Felipe decidiu pedir demissão do SENAI com o objetivo de iniciar o doutorado em Engenharia de Estruturas na UFMG, pois sabia que se continuasse lá teria que fazer doutorado na área de materiais.

“Durante o período do doutorado iniciei atividades de prestação de serviços de engenharia para complementar a renda como professor na Universidade de Itaúna. Conclui o doutorado em Engenharia de Estruturas em 2006.”

Em 2011 tornou-se sócio da empresa ARB CONSULTORIA LTDA, onde atua como calculista de estruturas metálicas e consultor em análise de falhas para diversas empresas brasileiras, sendo referência em seu ramo de atuação.

Ao responder o que o deixa feliz no que faz, José diz que de maneira geral, o que o deixa satisfeito é fazer qualquer atividade da melhor forma possível buscando a perfeição humana dentro do prazo estipulado e com os recursos disponíveis. Mas tendo consciência que futuramente poderia fazê-la melhor se tiver oportunidade.

“Espiritualmente é fazer o que deveria ter feito.”

Sobre o questionamento do que foi decisivo nas escolhas profissionais que teve, ele responde que foi descobrir sobre si mesmo.

“Foi decisivo descobrir minhas vocações, meus pontos fortes e fracos. Em suma descobrir quem sou eu. Mas com paciência para saber o momento certo de fazer as mudanças necessárias. A reflexão e a oração foram imprescindíveis. Quando a razão não era capaz de me mostrar o caminho a seguir, então seguia minha intuição e meu coração.”

Uma das minhas partes favoritas da entrevista foi sua resposta à pergunta: O que acredita ser importante para uma pessoa se sentir realizada na sua profissão?

“Antes de se realizar profissionalmente, deve-se realizar como pessoa. A realização profissional nunca substituirá a frustação como ser humano. Uma pessoa realizada como ser humano pode fazer qualquer atividade para sobreviver. Mas se ela descobrir as atividades profissionais que mais a deixa feliz e puder realiza-las para sobreviver, então esta pessoa é abençoada!”

E complementa com duas citações:

“Todo trabalho (atividade humana) sem a verdadeira consciência de Deus é causa de escravidão.” de Bhagavad Gita. E “Para saber se você escolheu adequadamente sua profissão use o seguinte teste: você faria com a mesma dedicação e afinco estas atividades mesmo não recebendo nada por elas?”

Por fim, pergunto qual dica daria para as pessoas que não estão satisfeitas no emprego ou na profissão e querem mudar?

“Primeiro sugiro verificar se a raiz da insatisfação realmente é o emprego. Confirmando que seja o emprego a raiz da insatisfação, sugeriria elaborar um plano de ação que possibilitasse a mudança sem trauma para ela ou para as pessoas que dependem dela. Pois é necessário descobrir suas vocações e muitas vezes desenvolver e adquirir competências que levam tempo. No entanto, se ficar no trabalho está realmente insuportável podendo levar a pessoa a crises de saúde física ou mental, eu sugiro férias para planejar uma saída rápida, mas planejada. “

Eu acho a história de José Felipe inspiradora, e você? Deixe seu comentário sobre o assunto aqui embaixo ou inbox.


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